Infecção no ouvido
Uma das enfermidades que mais ocasiona dor e desconforto é a infecção do ouvido (otite). È comum sua ocorrência nos dois primeiros anos de vida em até dois episódios por ano. Muitas vezes esses quadros se tornam repetitivos e não respondem aos tratamentos clínicos convencionais, sendo identificado acumulo de secreção no ouvido médio (otitte média secretora). A otite média secretora é uma entidade clínica de evolução crônica, caracterizada pelo acúmulo de secreção protéica no ouvido médio. O pico de incidência se dá dos 2 aos 5 anos, com idade média de 4 anos. A incidência nos recém-nascidos e adultos corresponde a menos de 10% dos casos. O acometimento bilateral ocorre em 80% dos casos.
Vários fatores influenciam a incidência populacional como clima, condições socioeconômicas (aglomerações), modo de vida (creches, tabagismo), fatores alérgicos e malformações congênitas (down, fenda palatina). São fatores de risco a prematuridade, obstrução nasal (adenóide) e o refluxo gastro-esofágico. A etiopatogênia, apesar de diversos trabalhos, não é completamente estabelecida, apontando o comprometimento da ventilação do ouvido médio, através da obstrução da tuba auditiva, como o principal envolvido.
Os principais sinais clínicos são a hipoacusia, a otalgia, as otites médias aguda de repetição, plenitude auricular e vertigem. O diagnóstico se faz pela a otoscopia, sendo confirmada pela timpanometria. Na otoscopia a membrana timpânica se encontra opacificada, muitas vezes com bolhas e nível líquido, podendo estar abaulada inicialmente ou retraída posteriormente. Na timpanometria evidencia-se diminuição acentuada da mobilidade timpânica (curva b). A audiometria tonal revela, em estudo com 977 crianças , surdez de transmissão de 27 dB em média, nas freqüências de 500, 1000 e 4000 Hz. São diversas as formas de tratamento clínico proposto, utilizando antibióticos e corticoesteróides, associados ou isolados. A falha no tratamento clínico implica em resolução cirúrgica, com colocação de tubo de aeração. A evolução natural da doença, nos casos não tratados ou que evoluíram mal com o tratamento clínico, pode ocasionar o surgimento de otite média atelectásica e até colesteatoma.